Jardins de Sonhos

Jardins de Sonhos

Na exposição que abre em Julho, na Fundação Fernando Leite Couto, encontramos um estranho e sublime espaço por onde vamos caminhando. São os jardins de sonho de Languana.

Entro neles devagar, como se acordasse às primeiras horas, entre o consciente e o inconsciente no preciso momento em que se abre os olhos à luminosidade fresca das manhãs. O lugar onde os sonhos da noite ainda pairam na imaginação e onde os reflexos da aurora alternam entre o claro e o escuro, entre a luz e a sombra.

São assim as aguarelas de Languana, elas criam formas próprias, espaços e estilos preenchidos com explosivas sucessões de cores vibrantes numa perfusão de representações. Através das cores, as imagens transformam-se e as formas aparecem independentes, sem serem corpo ou flor, sem serem objecto real ou apenas movimento.

Suavemente, avançamos por um mundo sonhado, inscrito no branco imaculado do papel em cores transparentes ou translúcidas, mas que, num arrojado rasgo de imaginação passam a ser vibrantes e florescentes, do verde ao laranja, do vermelho ao azul e ao rosa, aí aparecem rostos, braços, pássaros, seres estranhos que de alguma forma comoveram o artista.

Numa sociedade em ebulição, onde a maioria dos artistas a olha e apresenta em imagens penetradas por constantes contradições num ambiente hostil, de ambiguidades e indeterminações, encontrar a frescura dos jardins de Languana é uma visão de encantamento e de esperança que nos faz esquecer os medos e as incertezas que habitam a nossa mente.

As aguarelas suaves descansam e lembram as estórias que na infância nos contavam os avós e que nos faziam imaginar seres risonhos em jogos de crianças.

São a fórmula e o paradigma que nos impõe uma visão optimista do amanhã.

Yolanda Couto

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Imagens da Exposição

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